Acordei e vim para a sala sentei-me no sofá, uma aragem da manha me fez voar para o passado, sentindo a aragens ainda fria da manhã, quando a vovó Maria tão cedo abria todas as janelas da grande casa do sitio, o ventinho era fria, mais o sol preguiçoso do outono já aquecia as velhas janelas desgastada pelo tempo, a vovó sempre bondosa e sorridente deslizava as mãos nas tramelas deixando o sol entrar, depois com uma vassoura de cerdas naturais feitas por alguém da roça, ela varia todos os cômodos atijolados da casa enquanto eu ficava na janela sentido o frescor da manhã o cheiro dos capinzal sendo aquecido pelos raios de ouro daquelas manhãs, os cavalos pastavam tão perto da casa que podia-se ouvir o barulhinho de seus bocados de sempre verde a mastigar.
Vovô já havia saído para a roça, e ela logo ia começar o almoço. Eu apreciava aqueles momentos doces com minha avó, no terraço da sala que chamavam de área, ela cuidadosamente regava as plantinhas, um pé de mamoninha de folhas avermelhadas e uma trepadeira que ela chamava de aspargo, cheio de bolinhas negras que eram suas sementes, eu com meus 4 a 5 aninhos a seguia.
Os os pássaros cantavam a manhã, e muitas andorinhas tesoureiras revoavam sobre a casa, chamadas tesoureiras por terem uma calda comprida, aberta como tesoura, elas aninhavam-se no madeiramento da grande área.
Eram sublimes aqueles momentos com aquela mulher santa, ficar com vovó era não ver o tempo passar, tantas coisas lindas ela ensinava, jamais reclamava de algo sem dizer sua compreensão por aquilo. Eu fazia pergunta e ela respondia com muitas explicações, sempre ensinando os valores de cada coisa, de cada lembrança que a acompanhava de sua mãe e avós que também a ensinaram os valores das minúcias da vida.
Hoje posso dizer que a felicidade entra pela janela de minha sala com cheirinho das minhas manhãs que já se foram, mais estão vivas em minhas lembranças, eu as escrevo para que eternizem nas lembranças daqueles que lerem um dia.
A vida é feita de pequenos momentos que são tesouros guardados no segredo de nossas almas, ali o espírito faz uma seleção, joga a que não é bom fora, deixando lembranças vazias e o que é bom enriquece para purificar a vida, e dar sequencia a beleza e a verdadeira riqueza.
As lembranças nos deixa muito perto daqueles que amamos é um reencontro, podemos voar para o momento exato que a felicidade nos edificava na vida, lembranças é prova que somos viajantes do tempo, não estamos presos ao hoje e sim a uma liberdade que nos ensina que somos muito mais que buscamos , temos ou vemos, somos donos de nada e ricos em liberdade.
