Hoje acordei com o barulho da chuva e trovoes, abri os olhos e fiquei lembrando da minha infância, tudo era tão simples, tudo era só amor. Quando chovia mamãe não deixava que levantássemos cedo eu e meu irmãozinho.
Ali naquela cama simples de colchão de palha que mamãe fofava pela manhã, cabecinha num travesseiro de paina da grande e velha paineira do vovô. Ali eu ficava ouvido a chuva caindo sobre o teto de sapé bem amarradinho feito por meu paizinho, os trovoes que hoje eu ouço e igual, longe e calmo e a chuva poeticamente se misturava com as vozes dos meus pais na cozinha conversando calmamente, olhando pela janela, com certeza agradecendo a Deus pela chuva que regava a terra para gerar a semente dos plantios.
Era tudo tão bom, aquele barulho da natureza era a própria voz da paz, nos tínhamos tudo, amor de família o abraço dos meus pais. O perfume no cheiro da chuva molhando o barreado azul da parede da casa, molhando as laranjeiras ali por perto,molhando-o capinzeiro que dava comida aos passarinhos, com seus cachinhos de sementes, aos papa capins, que depois da chuva aos bandos alegres entortavam as astes de sementes no capinzal e aos tizios que cantava e pulava ao mesmo tempo com suas peninhas negras.
Quando eu afinava os ouvidos para ouvir mais perto, ali na cozinha o fogão de lenha já cozinha o feijão e embaixo de sua chapa quente de olheiros redondos as labaredas do fogo sagrado que fazia nossa comida, consumia os tições de lenha fazendo estalinhos e a fumacinha subia dando cheiro de lar a nossa casa,
Nossa mente tem guardado os melhores momentos da nossa existência, é um arquivo da felicidade, o som do vento agora lembra a janela de tramelas asubiando o ar puro do perfume da vida mais presente com a chuva. Criança que tem os pais presente, que tem amor, acredita na paz, na proteção, uma casinha de pau a pique é um lar, é um palácio, é estrutura da alegria inocente de criança, nada falta tudo esta ali, pois criança não sabe do amanhã e nem do ontem só vive com intensidade o hoje.
Maravilhoso, recordar é viver de novo e renovar a energia da vida, de tudo que vale a pena.