Como é bom neste fim de semana poder caminhar pelas ruas antigas de pedras desta pequena cidade, as casinhas aconchegantes, contornando as ruas, todas pintadas de branco, janelas e portas azuis, contornadas por um cinto em relevo cuidadosamente feitos por mãos de alguém que tinha a arte no sangue, na simplicidade do ontem onde as pessoas debruçadas nas janelas conversavam horas a fio, sem preocupações, sem medo de ser feliz, riam confraternizavam um amor de verdadeira família.
Logo a frente as portas antigas do comercio ainda vendem de tudo um pouco, a venda do senhor fulano a “Pharmacia” do senhor ciclano, as senhoras sentadas a porta fazendo seus trabalhos manuais para a casa, crochetes, bordados, costuras, tricos, teciam peneiras de fibras naturais. Utilizadas para limpar o feijão e o arroz, abanando para retirar as palhinhas que sobrara em meio aos cereais ao colher e ser manuseados pelas maquinas manuais.
Virando a esquina, há uma praça com bancos ainda de madeiras, pessoas sem pressa de ir para lugar algum, estão ali como em oração, sentido o vento que trás o perfume inebriante das flores dos antigos e sombrosos pés de flaboyant, rosas e jasmim, ali bem perto rodeiam os jardins. Estas pessoas olham silenciosas e atentas as montanhas ao longe, as andorinhas cortam os ares com seus gorjeios primaveril, e um zumbido das abelhas em busca de mel.
As senhoras se encontram, e se cumprimentam e conversam perguntando das famílias, com os cestos de frutas e verduras na mão, que já compraram ali na quitanda da própria venda, aquela que vende de tudo do senhor fulano e levam fresquinhas para o dia da família começar mais saudável.
Os meninos de calça curta e suspensórios, barretes a cabeça e botas aos pés, soltam suas pipas num feliz voo nas alturas, navegando ao vento. Posso ver seus pensamentos indo nesta viagem ao infinito junto com suas pipas colorida, parecem ter vida como algo magico exibem suas belezas em franjas e rabiolas navegando para as nuvens
Bem perto no outro lado da praça, carroções puxados a cavalos levam pessoas pela cidade sumindo nas ruas, rumo ao desconhecido, saindo pelas estradas montanhosas. Outras esperam no ponto como táxi para a próxima jornada, nesse meio tempo os animais dormem em pé e os homens, os cocheiros, conversam alegremente, despreocupados, enquanto fumam um cigarro de palha entre os dedos, chapéis na cabeça no sol da linda manha de Parati.
Voltando a minha realidade me encontro atras de uma mesa olhando um simples postal de Paraty, deste lugar que me levou a esta viagem no tempo e no espaço de algum dia que se foi.