Conta o povo que na cidade de Lisboa , todos conhecem uma certa esquina onde ocorreu uma história interessante. Conta-se que por muitos anos toda tarde um senhorzinho já de idade ficava ali parado olhando o trânsito. Cada carro que passava ele comprimentava com um aceno de mão. Ali ele esperava seu filho na esperança que um dia voltasse, pois naquele lugar ele o esperava quando vinha do trabalho e então iam juntos felizes para a casa. Ele dava sua caminhada e depois ficava naquela esquina até o filho chegar da empresa de ônibus, que parava exatamente ali.
Certo dia a fatalidade do destino ceifou a vida do seu amado filho num acidente. E aquele velho pai continuou esperando que ele voltasse; talvez esperasse que tudo fosse um sonho, um pesadelo e que poderia acordar e encontrar seu filho um dia de novo, sorrindo, abraçando-o como fazia antes. E continuava a cumprimentar todos que passavam até a noitinha, depois ia para casa esperar o amanhã com um novo entardecer.
O velhinho só não soubera que com certeza o seu gesto mobilizava muitos corações; seu abanar de mão pode ter alegrado corações tristes que por ali passavam, pode ter mexido com um coração endurecido, com o sentimento de muitos filhos que poderiam estar morando longe de seu pai, poderia ter quebrado o gelo de outros que lembraram de telefonar, de visitar, de ter um momento com seus velhos e queridos pais. Pode ser, que o seu amor possa ter fortalecido o amor entre muitos filhos pelos seus pais e fortificado o amor em muitas vidas no seu puro e simples abanar das mãos.
Também pode ter trazido recordações àqueles que não tinham mais o pai para abraçar. O que ele nunca soubera é que seu abanar de mão pode ter sido um derramar de amor a todos que ali passaram naquela esquina.
Muitos que responderam com o mesmo gesto, outros com o mesmo gesto e um sorriso. Sem dúvida isto lhe dava motivo para continuar vivendo; dar e receber, uma troca de amor ao próximo. Foi com certeza a forma que Deus encontrou de marcar sua história na cidade de Lisboa, onde ele ficou até o dia que foi para junto do seu filho que o esperava na porta do Paraíso.
E o eco desta história, vai ficando nas lembranças do povo como o distribuidor de amor da esquina da vida.